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Giambattista Vico (1668-1744)

Filósofo moderno, considerado o mais importante representante da filosofia italiana no século XVIII. Nasceu em Nápoles, e iniciou seus estudos com professores particulares. Por nove anos, atuou como preceptor em um castelo em Cilento, formando vasta cultura autodidata. Regressando a sua cidade natal, em 1699 foi nomeado professor de retórica na universidade de Nápoles, cargo que ocupou até o final de sua vida.

Em 1734, foi nomeado para o cargo de historiador real do monarca Carlos III. Sua filosofia não causou repercussão durante a vida de Vico, que faleceu em Nápoles, pobre e relativamente ignorado. Alguns de seus principais escritos: Sobre o método de estudos de nosso tempo, Sobre a antiqüíssima sabedoria dos itálicos, extraída de originais em língua latina, Direito universal, Autobiografia, Ciência nova.

A filosofia de Vico constitui-se, em princípio, por oposição ao pensamento cartesiano. O projeto da filosofia de Descartes (1596-1650) é encontrar o acesso a um conhecimento seguro, fundado em bases estritamente racionais, da natureza.

A crítica elaborada por Vico incide sobre dois pontos centrais: em primeiro lugar, grande parte das produções humanas não se estruturam sobre o âmbito da verdade em seu sentido matemático, requerida pelo racionalismo cartesiano, mas somente no campo da verossimilhança.

A retórica, a poesia e a história, obras cujo valor, no pensamento de Vico, é determinante, não alcançam nunca a verdade; seu campo é o do provável. Em segundo lugar, constitui vã pretensão humana buscar o conhecimento seguro dos fenômenos naturais, uma vez que somente podemos apreender aquilo de que somos causa.

Estando a causa do mundo em Deus, sendo Ele seu Criador, o conhecimento do mundo só a Ele pertence.

Se o conhecimento, ou a verdade, somente podem incidir sobre o feito, sobre aquilo que o próprio sujeito cria e produz, o local próprio de manifestação da verdade deve ser, no âmbito humano, a história. Esta deve ser perseguida como obra puramente humana, dotada de uma razão própria. Seu estudo constitui, propriamente, a ciência nova, proposta por Vico, campo de investigação distinto do das ciências naturais.

A história não deve ser encarada como uma sucessão caótica de fatos particulares; a ela pertence uma racionalidade, fundamentada na noção de providência. Esta se configura como o modelo histórico ideal, ao qual se conformam os acontecimentos individuais; é o valor que fornece aos fatos sua ordenação em sentido.

Em última instância, a providência representa a manifestação divina no curso da vida histórica do homem.

A história, para Vico, manifesta-se segundo uma ordem, ditada pela providência, que pode ser compreendida como a repetição eterna da sucessão de três idades:.

• divina, caracterizado por um saber fantasista e poético, onde se fundam as primeiras sociedades;.

• heróica, onde surgem as associações entre grupos sociais, e na qual se cultivam os valores aristocráticos de força, magnanimidade e moderação;.

• e humana, marcada por uma globalização dos direitos entre os diversos segmentos sociais e pelo primado da reflexão e da razão.

O pensamento de Vico, deste modo, apreende a história como uma perpétua repetição de movimentos sociais, através da qual manifesta-se o ciclo de três modos de ser fundamentais.

O pensamento de Vico influenciou marcadamente as concepções históricas de Herder (1744-1803), do idealismo alemão e, no século XX, de Benedetto Croce.

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •