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Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Filósofo alemão. Nasceu em Danzig, filho de uma família de comerciantes abastados. Educado para seguir carreira comercial, estudou em Danzig, Hamburgo e Le Havre. Somente com a morte de seu pai, ocorrida em 1805, Schopenhauer pôde dedicar-se à sua verdadeira vocação, a filosofia. Dois anos depois, ingressou no Liceu de Weimar e, posteriormente, na faculdade de medicina de Göttingen.

Em 1811, ingressando na Universidade de Berlim, assistiu às aulas de Schleiermacher e Fichte. Em 1813, obteve o grau de doutor nesta universidade. Rompeu com a família e foi obrigado, em 1819, a postular o cargo de monitor na Universidade de Berlim. Tentando competir com o curso de Hegel (1770-1831), então o filósofo mais proeminente da Alemanha, que igualmente lecionava na Universidade, escolheu o mesmo horário que Hegel (1770-1831) para suas aulas.

Contudo, seu curso não obteve sucesso, sendo freqüentado por apenas quatro alunos. Desistindo da carreira acadêmica, Schopenhauer viajou pela Alemanha e Itália, até estabelecer-se definitivamente, em 1831, em Frankfurt. Nesta cidade, publicou vários livros, alcançando, na metade do século, o tão almejado reconhecimento.

Sua filosofia foi difundida para a Inglaterra, França e por toda a Alemanha. Em 1858, a Academia Real de Ciências de Berlim desejou conferir=lhe o título de membro, recusado pelo filósofo. Faleceu em Frankfurt, dois anos depois. Algumas de suas principais obras: Sobre a visão e as cores; O mundo como vontade e representação; Os dois problemas fundamentais da Ética ; Parerga e Paralipomena.

O pensamento de Schopenhauer parte de uma interpretação de alguns pressupostos da filosofia kantiana (1724-1804), em especial de sua concepção de fenômeno. Esta noção leva Schopenhauer a postular que o mundo não é mais que representação. Esta conta com dois pólos inseparáveis: por um lado, o objeto, constituído a partir de espaço e tempo; por outro, a consciência subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria.

Contudo, Schopenhauer rompe com Kant (1724-1804), uma vez que este afirma a possibilidade da consciência alcançar a coisa-em-si, isto é, a realidade não fenomênica. Segundo Schopenhauer, ao tomar consciência de si, o homem se experiencia como um ser movido por aspirações e paixões.

Estas constituem a unidade da vontade, compreendida como o princípio norteador da vida humana. Voltando o olhar para a natureza, o filósofo percebe esta mesma vontade presente em todos os seres, figurando como fundamento de todo e qualquer movimento. Para Schopenhauer, a Vontade corresponde à coisa-em-si; ela é o substrato último de toda realidade.

A vontade, no entanto, não se manifesta como um princípio racional; ao contrário, ela é o impulso cego que leva todo ente, desde o inorgânico até o homem, a desejar sua preservação. A consciência humana seria uma mera superfície, tendendo a encobrir, ao conferir causalidade a seus atos e ao próprio mundo, a irracionalidade inerente à vontade.

Sendo deste modo compreendida, ela constitui, igualmente, a causa de todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma cadeia perpétua de aspirações sem fim, o que provoca a dor de permanecer algo que jamais consegue completar-se. Segundo tal concepção pessimista, o prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor; esta é a única e verdadeira realidade.

Contudo, há alguns caminhos que possibilitam ao homem escapar da vontade, e assim, da dor que ela acarreta. A primeira via é a da arte. Schopenhauer traça uma hierarquia presente nas manifestações artísticas, na qual cada modalidade artística, ao nos lançar em uma pura contemplação de Idéias, nos apresenta um grau de objetivação da vontade.

Partindo da arquitetura como seu grau inferior, ao mostrar a resistência e as forças intrínsecas presentes na matéria, o último patamar desta contemplação reside na experiência musical; a música, por ser independente de toda imagem externa, é capaz de nos apresentar a pura Vontade em seus movimentos próprios; a música é, pois, a própria vontade encarnada.

Tal contemplação, trazendo a vontade para diante de nós, consegue nos livrar, momentaneamente, de seus liames.

Contudo, a arte representa apenas um paliativo para o sofrimento humano. Outra possibilidade de escape é apontada através da moral. A conduta humana deve voltar-se para a superação do egoísmo; este provém da ilusão de individuação, pela qual um indivíduo deseja, constantemente, suplantar os outros.

A compreensão da Vontade faz aparecer todos os entes desde seu caráter único, o que leva, necessariamente, a um sentimento de fraternidade e a uma prática de caridade e compaixão.

Entretanto, a suprema felicidade somente pode ser conseguida pela anulação da vontade. Tal anulação é encontrada por Schopenhauer no misticismo hindu; a experiência do Nirvana constitui a aniquilação desta vontade última, o desejo de viver. Somente neste estado, o homem alcança a única felicidade real e estável.

A filosofia de Schopenhauer influenciou marcadamente vários pensadores, entre os quais destacam-se: Nietzsche (1844-1900), Hartmann, Simmel, Bergson (1859-1941) e Freud (1856-1939).

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •