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Espiritismo Literatura e Leitura 25/11/2004(00009)
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Jacira & Ronaldo
(Um caso que sugere reencarnação pesquisado pelo
Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas - IBPP)

Hipóteses Explicativas

Hipóteses Explicativas Para As Recordações E O Comportamento De Jacira

Fraude Deliberada | Informação Direta - Criptomnésia | Telepatia - ESP | Memória Genética | Incorporação Mediúnica | Reencarnação | Conclusão


Reencarnação no Brasil
- Hernani Guimarães Andrade


Antes de tentar uma explicação para o presente caso, devemos analisar as diferentes hipóteses que poderiam ser propostas para o mesmo.

Escolheremos aquelas que nos parecem mais adequadas e que sejam fundamentadas em razões consideradas válidas. Em seguida procuraremos experimentar a hipótese escolhida, a fim de verificar se ela poderá explicar todas as situações ou pelo menos um grande número delas. Aquela que cobrir maior extensão de situações será por nos eleita como a mais adequada. Esclarecemos, todavia, que tal escolha estará condicionada a futuras mudanças, caso surjam hipóteses melhores. Portanto, seu caráter será provisório.

FRAUDE DELIBERADA

Será necessário começar pela hipótese da fraude. Ela tem caráter eliminatório. Uma vez que fosse demonstrada a fraude, o caso perderia totalmente sua validade.

A fraude normalmente pode ser motivada por razões várias. As principais seriam: interesse em ganhar dinheiro ou vantagens econômicas; desejo de notoriedade; proselitismo a favor de uma crença ou doutrina filosófica; necessidade de forçar determinada situação a fim de neutralizar escândalos; promover campanhas ideológicas, etc. Raramente se encontraria outro motivo além desses, especialmente numa circunstância semelhante à da família de Jacira.

Os dois primeiros motivos são prontamente eliminados, pois o Sr. Munhoz e sua esposa procuraram justamente abafar o caso. Eles tentaram sempre evitar que Jacira viesse a inteirar-se de sua condição. Temiam que a filha, mais tarde, cometesse o suicídio. Assim foram advertidos pelo Guia espiritual de Da. Angelina (a médium). Não cremos que estivessem usando de um ardil, a fim de levar-nos habilmente a aceitar os fatos narrados. Não iriam esperar tantos anos para efetuarem essa manobra. Quando se decidiram a conceder as entrevistas, nenhuma oferta em dinheiro ou vantagens futuras lhes foram por nós acenadas. Nem os pais, nem a paciente poderiam lucrar qualquer coisa em inventar semelhante drama.

Nenhuma notoriedade adviria para eles da divulgação desses fatos. Eles próprios solicitaram-nos sigilo, desde o início do nosso contato com a família. Não fomos sequer autorizados a divulgar os nomes verdadeiros das pessoas e dos lugares neles implicados. A quebra do sigilo com relação a Jacira só foi concedida após demorada argumentação com os pais.

Levando-se em conta que os pais de Jacira são espíritas, poderia cogitar-se de uma intenção dos mesmos em fazer proselitismo religioso. Para quem conhece bem o Brasil e a extensão do movimento espírita neste pais, tal suposição não tem cabimento. A divulgação das obras de Allan Kardec e de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) é de tal vulto, que um fato como o de Jacira equivaleria a uma gota d'água no oceano.

Finalmente, quando entramos em contato com a família da paciente, encontramos todos em perfeita paz e harmonia, sem outros problemas além dos comuns a todas as famílias modestas do interior. Tanto o Sr. Munhoz como Da.Martha e seus filhos são pessoas tranqüilas, honestas e devotadas ao estudo e ao trabalho. A tragédia do suicídio de Ronaldo havia ocorrido há mais de vinte anos e não deixara reminiscências muito além do âmbito familiar. Não notamos quaisquer problemas de ordem moral ou material que exigissem solução a ser buscada desta forma. A iniciativa do levantamento do caso partiu de nós. Não cremos que a hipótese da fraude deliberada seja adequada ao presente caso.

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INFORMAÇÃO DIRETA - CRIPTOMNÉSIA

A primeira suposição que cabe ao presente caso é a de que a paciente teria obtido as informações acerca da personalidade anterior, através dos meios normais. Seria a hipótese da informação direta. Tais informações, embora aparentemente esquecidas, estariam latentes na subconsciência de Jacira. Em determinadas circunstâncias viriam à consciência, sob forma de personificação ou dramatização. Estaríamos diante de uma possível manifestação de criptomnésia.

É evidente que a morte trágica do Ronaldo, bem como suas passagens na infância e na adolescência deveriam ter sido objeto de comentários entre os membros da família. Devem acrescentar-se a isso os fortes laços de relacionamento de Da. Martha e seu esposo, com o falecido Ronaldo. Seria, portanto, difícil descartar a suposição de alguma transmissão de informações à paciente por parte dos membros da família. Entretanto, precisamos examinar mais atentamente as condições em que Jacira manifestou sua identificação com a personalidade de Ronaldo, bem como a natureza de suas referências a situações e episódios relativos à personalidade do falecido tio.

O primeiro ponto a ponderar é a precocidade manifestada por Jacira. Ela começou a pronunciar as primeiras frases aos dez meses de idade. Aos onze meses já fazia referências a episódios concernentes à personalidade de Ronaldo e inquiria a mãe acerca do seu relacionamento familiar imediato com a própria mãe e com aqueles que eram os irmãos da personalidade anterior. Nessas ocasiões ela se colocava na posição da personalidade do falecido. Não se tratava de meras perguntas acerca do tio, o que seria mais lógico em um caso de informação verbal concernente à referida pessoa e acerca da qual a criança desejasse, eventualmente, satisfazer sua curiosidade.

É importante, também, avaliar as condições inerentes à pouquíssima idade da paciente naquela ocasião. Quem tem experiência no trato com crianças sabe perfeitamente que seria pouco provável que uma menina de um ano de idade viesse a dramatizar a lembrança de uma informação verbal, colocando-se na posição da pessoa a respeito da qual desejasse melhores detalhes. Talvez isso fosse admissível em se tratando de um gênio. Entretanto, Jacira, sem embargo da precocidade no andar e no falar, não revela, em absoluto, traços de genialidade. Seus progressos na escola e em outras condições equivalentes são normais. Tivemos a oportunidade de observá-la demoradamente, conversamos com ela sobre diversos assuntos, e a impressão que nos deixou foi a de uma jovem normal.

Acresce notar que a diversidade de sexo seria mais outro motivo para que tal personalização se tornasse improvável. Neste caso ela o faria, por exemplo, mais logicamente com relação à Margarida, a respeito da qual provavelmente os comentários teriam sido mais comuns. Margarida havia escolhido seu nome, antes de falecer. Jacira até hoje mostra muita afinidade por essa mulher, que ela não pode conhecer pessoalmente por haver falecido vinte e dois dias antes de seu nascimento

Tabela das Recordações da Paciente: [14] [15] [16]

Entretanto recordava-se dos episódios ocorridos entre Ronaldo e Margarida. O mais lógico seria Jacira ter-se colocado na pessoa de Margarida, inquirindo Da. Martha acerca dos fatos por ela lembrados. Por que escolheu, então, a personalidade de Ronaldo?

Admitindo-se, assim mesmo, a hipótese da informação verbal direta, ela por si só não explica a aversão de Jacira pelos líquidos de cor vermelha. Menos ainda, a repugnância que culmina nos vômitos se for ingerida qualquer bebida com essa cor

Tabela das Recordações da Paciente: [1] [11]

Outro fato dificilmente explicável pela hipótese da informação direta é a aversão que Jacira manifestava, desde a idade de um ano, com relação ao retrato da personalidade anterior. Particularmente relevante é o comportamento da paciente relativamente aos cartões de lembrança da "missa do 7.º dia"

Tabela das Recordações da Paciente: [2] [3]

Nessa ocasião ela mostrava forte identificação com o falecido Ronaldo e procurava contradizer a situação sugerida pelos cartões dizendo:

— "Prá que!? Eu não morri! Por que está isto aqui?"

Acreditamos que a simples informação a respeito de um parente morto jamais poderia gerar semelhante comportamento por parte de uma criança de um a dois anos de idade.

Os itens 9, 10, 11, 12, 19, 20, 21, 23, 24, 26 e 27 revelam características de comportamento que excluem pura e simplesmente a mera recordação de informações recebidas. As ocorrências descritas nesses itens dizem mais respeito a uma identificação flagrante de Jacira com a personalidade do Ronaldo. É relevante a preocupação de Jacira com respeito à ex-noiva do Ronaldo (item 23). A cena de ciúme, quando ela soube que Alice iria casar-se (item 24), dificilmente se explicaria pela criptomnésia, sobretudo em se tratando de uma menina de três a quatro anos de idade. Como transferir para uma criança todos os fatores subjetivos necessários à manifestação do ciúme em relação a uma pessoa desconhecida ?

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TELEPATIA - (ESP)

A hipótese da telepatia ou da percepção extra-sensorial seria uma das melhores explicações para o presente caso. É particularmente relevante o clima de intensa emoção que precedeu o nascimento de Jacira. Naturalmente, todo o grupo implicado no caso, e especialmente Da. Martha, estava inclinado a admitir que a criança em gestação seria a reencarnação do Ronaldo. Tal crença reforçou-se com a série de ocorrências coincidentes com as informações do Guia espiritual da médium. A convergência de provas confirmadoras das previsões feitas pelo Guia espiritual foram de molde a eliminar qualquer dúvida acerca da autenticidade da informação principal:

— "O Ronaldo reencarnou-se como Jacira! "

Acrescentem-se a isso os laços naturais de ligação e influência entre mãe e filha, e teremos as condições ideais para o estabelecimento de um possível relacionamento telepático entre elas. Jacira captaria as imagens mentais de Da. Martha, dramatizando-as e representando o papel do falecido Ronaldo.

Poderia, inclusive, captar por ESP (percepção extra-sensorial) os demais detalhes relativos ao local onde viveram os seus parentes. Teremos aí a retrocognição.

Não queremos, logo de inicio, descartar a hipótese em análise, argumentando que as experiências acerca da percepção extra-sensorial não são de molde a autorizar a crença em tamanha facilidade de captação paranormal. Conviria assinalar que Jacira não demonstra ser uma sensitiva deste calibre. Os que lidam com os testes de ESP sabem como são difíceis as boas marcas de acerto com cartas Zener ou em quaisquer outros tipos de experimentação.

Admitindo-se, entretanto, que estejamos diante de um desses raríssimos casos de transmissão e captação telepática ostensivas, causa estranheza que tal situação se mantivesse por tempo tão longo, vindo a extinguir-se quase totalmente só no início da puberdade. As ocorrências de ESP muito nítida e muito intensa são, normalmente, de pouca duração e ocorrem em determinados instantes ligados a situações dramáticas ou em razão de forte motivação. Basta compulsar a vasta literatura referente a casos extraordinários de ESP para perceber-se logo tal característica.

Ainda que façamos uma concessão ao caso de Jacira, considerando-o uma notável exceção nesse sentido, restarão os óbices apontados anteriormente com relação à hipótese da informação direta à paciente. Não devemos perder de vista que a ESP é, de certa maneira, uma informação também.

Consideramos difícil de explicar, por exemplo. como Jacira captou por ESP a sua aversão às bebidas vermelhas, ao ponto de vomitar logo após tentar ingerir um inocente refresco de groselha. Admitamos que isso fosse a conseqüência de haver captado telepaticamente da mãe que a cor do veneno tomado pelo Ronaldo era vermelha. A idéia de veneno aliada à cor vermelha do líquido poderia desencadear um reflexo defensivo de vomito. Admitamos isso. Mas Da. Martha não viu o Ronaldo morrer, nem viu a cor da mistura venenosa. Soube-o por informação de seu marido. Quem transmitiu o telepatema seis anos depois?

Sabemos que Da. Martha teve uma gravidez marcada por inúmeros sintomas mórbidos muito mais intensos e persistentes, que ela considerava ligados ao envenenamento do irmão. Por que não foram aqueles sintomas os captados por Jacira? Sabe-se que Da. Martha às vezes tinha vômitos à noite, mas não relacionados com líquidos vermelhos. Os sintomas predominantes eram outros, tais como a boca em feridas, dores no esôfago e no estomago, gosto estranho ao deglutir os alimentos, tonturas, etc. Mas Jacira nunca os manifestou.

Não vemos como explicar por ESP a dramatização de Jacira, com relação à ex-noiva do Ronaldo (Alice). Como uma criança de três a quatro anos de idade poderia manifestar, em virtude de captação telepática, uma crise de ciúme, após ouvir o relato de que a ex-noiva do falecido tio iria casar-se?

Tabela das Recordações da Paciente: [24]

Ou então, como se explicariam os cuidados de Jacira quanto à sorte de Alice, perguntando se ela ter-se-ia casado?

Tabela das Recordações da Paciente: [23]

Achamos desnecessário estender-nos mais na análise desta hipótese (ESP-Telepatia), pois para admiti-la como ajustável ao presente caso, teríamos que fazer concessões inaceitáveis pelo bom senso e pelo que se conhece como válido acerca da ESP.

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MEMÓRIA GENÉTICA
Esta hipótese poderia apoiar-se na transmissão de caracteres de comportamento por via genética. Poderia pensar-se, também, na informação genética transportada através do RNA, após a aquisição de um reflexo condicionado.

As objeções apontadas anteriormente para as hipóteses da informação direta ou por ESP aplicam-se também à da memória genética. Por outro lado, achamos muito discutível saltar-se do caso de herança de comportamento e de reflexos para os de lembranças carregadas de imagens nítidas dos episódios vividos ou assistidos por um dos progenitores.

Como e por que a paciente iria escolher justamente a experiência da mãe? Por que ela e somente ela herdou apenas as experiências referentes ao Ronaldo? Da. Martha teve mais um filho após Jacira e este não herdou tais características.

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INCORPORAÇÃO MEDIÚNICA
A hipótese da manifestação da personalidade do falecido Ronaldo, através de Jacira, em forma de incorporação mediúnica, deve ser examinada. Teríamos que distinguir dois casos: incorporação ocasional de duração limitada; e incorporação com possessão de longa duração.

Em nossa experiência pessoal (mais de 40 anos) no trato com o fenômeno da incorporação mediúnica, sempre assinalamos uma série de alterações na pessoa do médium, devidas à influencia do agente desencarnado, antes e depois de tomar o sensitivo.

De um modo geral, o transe mediúnico se manifesta com características típicas que o tornam imediatamente identificável. Na maioria das vezes é precedido por modificações no ritmo respiratório, seguidas de estado semelhante ao sonambúlico. Em outras ocasiões o médium se debate, precisando ser contido pelos circunstantes, a fim de não ferir-se ou sofrer quedas. Quando o médium já adquiriu suficiente prática, consegue controlar grande parte dos movimentos involuntários, e a incorporação se faz mais suavemente, mas mesmo assim podem notar-se as transformações manifestadas no paciente.

Qualquer freqüentador assíduo de sessões mediúnicas distinguirá facilmente os sintomas da incorporação.

É muito típica e facilmente identificável.

Os casos de incorporações em crianças são raríssimos. Em toda a minha experiência não assinalei nem um só caso de criança de tenra idade ser tomada por um espírito. E se isso ocorresse, não seria apenas um único espírito que iria incorporar-se de vez em quando. O médium desenvolvido e sem controle é sistematicamente assediado por entidades desencarnadas. Se não aprender a controlar sua faculdade, possivelmente irá cair em obsessão total.

A possessão é uma incorporação a longo prazo. Nesse estado o paciente fala e age como se fosse a personalidade do desencarnado. A identificação também é fácil, pois além dos sintomas prévios em tudo semelhantes à incorporação mediúnica, a transformação da personalidade do médium é flagrante.

Há variantes nos aspectos do fenômeno da incorporação com ou sem possessão, os quais não cabem ser tratados aqui. Entretanto é relevante assinalar que Jacira não apresentou e nem apresenta quaisquer características que autorizem admitir-se tal hipótese de trabalho. Desde a mais tenra idade, ela sempre se comportou como uma criança normal. Os afloramentos de lembranças dos episódios ocorridos com a personalidade anterior eram semelhantes a uma recordação comum. Sua curiosidade em elucidar as situações que lhe causavam estranheza revela nitidamente a posição de uma criança diante de um enigma. Se fosse a manifestação da personalidade do Ronaldo, tal fato não ocorreria, pois ele saberia da sua condição de desencarnado comunicando-se através de uma médium. Seu comportamento seria então diferente.

O Sr. Munhoz, pai de Jacira, é espírita há muitos anos. Tem grande experiência acerca de manifestações de desencarnados através de médiuns. O grupo espírita por ele freqüentado também é experiente nesse gênero de manifestações. Penso que eles seriam os primeiros a notar, caso Jacira estivesse mediunizada nos momentos em que revelava recordar-se dos fatos ocorridos com a personalidade anterior. Em nossas entrevistas, nem o Sr. Munhoz nem a sua esposa fizeram alusão a essa eventualidade. Nunca notaram alterações na personalidade da filha, que sugerissem um fenômeno de incorporação mediúnica. Em nenhuma oportunidade a paciente mostrou achar-se em transe mediúnico.

A mediunidade de incorporação pode surgir algumas vezes antes da puberdade ou da adolescência e sofrer um incremento com a idade e com a prática mediúnica. Se não aproveitada, pode resultar em anomalias psíquicas facilmente confundíveis com a neurose ou a psicose. Pode desaparecer com o tempo, na idade madura, mas deixa quase sempre os traços de sua influência no comportamento do paciente.

No Brasil, devido à disseminação da prática espirítica, comumente tais ocorrências são prontamente detectadas e os médiuns logo encontram centros espíritas onde aprendem a controlar suas faculdades. Jacira nasceu e cresceu em lar espírita. Sempre viveu nesse ambiente. Entretanto, pelo que apuramos, ela não freqüenta regularmente as sessões espíritas. Não é tida como médium. Apenas participa do movimento espírita juvenil, onde as práticas mediúnicas não são adotadas. As "Mocidades Espíritas", que constituem atualmente um amplo movimento cultural no Brasil, dedicam-se mais às atividades sociais e filantrópicas, e ao estudo teórico da Doutrina Espírita. Promovem grandes concentrações de confraternização, das quais participam Mocidades de diversas regiões do pais e até mesmo de outras nações da América Latina. São atividades sobretudo culturais.

Vários dos aspectos já examinados e concernentes às recordações e comportamento de Jacira seriam dificilmente explicáveis pela hipótese da incorporação mediúnica ou da possessão Achamos desnecessário enumerá-los. Basta um reexame atento da tabulação para descartar-se a hipótese que aqui discutimos, sem embargo das razões atrás apresentadas.

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REENCARNAÇÃO
A hipótese da reencarnação exige a demonstração da sobrevivência de pelo menos parte da personalidade, após a morte do corpo físico. Esta parte sobrevivente deveria ser o repositório da lembrança de algumas ou de todas as experiências vividas pelo falecido e transmitidas à personalidade sucessiva.

Cremos que, acerca da demonstração da sobrevivência, não há falta de evidência e sim de aceitação dos inúmeros testemunhos aduzidos até agora. Tal resistência não afeta a eventual realidade do fato, apenas impede sua admissão como coisa provada.

Assim, por exemplo, a relutância em aceitar-se o heliocentrismo, defendido por Galileu em sua época, não impediu que a Terra gravitasse ao redor do Sol. Era um fato real e ainda continua sendo, apesar das opiniões em contrário manifestadas pelos sábios peripatéticos de outrora Se tomarmos a reencarnação como hipótese de trabalho e a aplicarmos a um fato observado, como o presente caso, podemos por à prova sua eficiência para explicá-lo. Se a hipótese da reencarnação cobrir todos os episódios ou a maioria deles, ela deverá ser mantida como a mais provável, ainda que em caráter provisório. Entretanto esta hipótese nunca descartará definitivamente as demais, desde que se mostrarem, ulteriormente, mais adequadas.

A hipótese da reencarnação cobre os antecedentes do nascimento de Jacira, nos episódios da manifestação do espírito de Ronaldo e da anunciação do Guia espiritual da médium. Ela é adequada para explicar a manifestação da repulsa às bebidas vermelhas e do reflexo de vômito correlato. Explica as demonstrações de preocupação e ciúme relacionados com a pessoa de Alice. Igualmente ela esclarece a estranheza de Jacira, na infância, com respeito ao seu aparente dualismo de parentesco relativo à mãe, à avó e aos irmãos.

Além dos aspectos subjetivos manifestados através das identificações de Jacira com o Ronaldo, a hipótese da reencarnação justifica as características físicas manifestadas pela paciente nos primeiros meses de vida. O estrabismo, por exemplo, seria uma das manifestações classificáveis na categoria das marcas de nascença ("Birthmarks"). Tais ocorrências já foram assinaladas pelo Dr. Ian Stevenson e também por nós em nossa modesta coleção de outros casos que sugerem reencarnação. Jacira, na meninice, mais se assemelhava a um garoto, tanto no físico como no comportamento.

Reconhecemos que a hereditariedade poderia perfeitamente responder por essas características físicas. Entretanto é importante assinalar que nenhum dos filhos de Da. Martha apresentou estrabismo na infância. O ultimo filho, do sexo masculino, jamais manifestou caracteres de comportamento ou personalização que lembrassem o falecido Ronaldo. Os anteriores também não. O estrabismo manifestado por Ronaldo não era congênito. Conforme afirmou-nos o Sr. Munhoz, Ronaldo tornara-se estrábico quando criança, após uma congestão. Não se conhece nenhum caso de estrabismo entre os parentes de Ronaldo e de Jacira.

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Conclusão

Sem considerar "a priori" as demais hipóteses como sendo sem valor, a nossa opinião pessoal é favorável à hipótese da reencarnação. Achamos que há considerável evidência de que Jacira é a reencarnação do falecido Ronaldo.

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