Revolução Russa de 1917
Com a publicação do Manifesto de Outubro, num momento em que fervilhavam os movimentos revolucionários na Rússia, o czar Nicolau II (com a ajuda essencial do conselheiro Stolypin) conseguiu deter por algum tempo o processo que levaria certamente ao fim do czarismo.
Com o manifesto, criou-se a Duma (1906), assembléia legislativa eleita democraticamente que votaria as leis, embora todas devessem passar pelo crivo do czar. As exportações foram retomadas e certa estabilidade foi alcançada. Os movimentos revolucionários perderam seu apelo popular em vista da relativa calma que reinava na nação.
Nesse período, os mencheviques e os bolcheviques separaram-se, pois os primeiros acreditavam que o regime evoluiria naturalmente para uma democracia, enquanto os segundos ainda mantinham-se fiéis à idéia revolucionária. Lênin, líder dos bolcheviques, sabia que os eventos de 1905 provavam a viabilidade de uma revolução que, se não ocorresse naquele momento, talvez nunca mais ocorresse, pois a burguesia logo recuperar-se-ia, assim como a problemática dos camponeses.
Enfim, em 1911, Stolypin foi assassinado e teve início o processo que levaria à derrocada do czarismo. Nicolau II passou a aconselhar-se com sujeitos medíocres e irresponsáveis, dentre eles, Rasputin. O czar passou a tomar medidas equivocadas que, aos poucos, foram minando a relativa paz que conseguira com o Manifesto de Outubro.
Em 1914, recomeçou a política expansionista, sobretudo na Ásia oriental e nos Bálcãs. Mas as precárias condições do exército e da própria economia tornavam as guerras inviáveis e quem sofria com isso era a população. Novamente, fortaleciam-se os ideais revolucionários. Entre 1914 e 1917, as consequências econômicas das guerras estapafúrdias esmigalharam as finanças do país.
Em 1917, tiveram início as greves e as manifestações populares. Em princípio, algumas foram rechaçadas, mas logo passaram a contar com a simpatia da própria guarda responsável por detê-las. No dia 12 de março, os soldados recusaram-se a agir contra uma greve geral em Petrogrado, ou seja, não havia governo.
Nos dias seguintes, a revolução espalhou-se para outras cidades e, em 15 de março, Nicolau II abdicou. Constituiu-se um governo provisório, controlado pelos liberais, e encabeçado por Lvov. Os bolcheviques logo deram-se conta da ineficácia do governo de Lvov e seu líder, Lênin, passou a propôr (através de muita propaganda) um governo marxista, além do fim das guerras.
Em julho, os bolcheviques já contavam com milhares de adeptos e tentaram um levante revolucionário em 17 de julho, aproveitando-se de uma ofensiva desastrosa dos exércitos russos, comandados pelo governo provisório, sobre a Áustria. Todavia, o levante fracassou e Lênin refugiou-se na Finlândia. Nesse meio tempo, o governo continuou acumulando fracassos e os bolcheviques passaram a contar com o apoio intelectual de Trotsky, que preparou metodicamente a revanche ao lado de Lênin.
Foi ele o responsável pela criação da Guarda Vermelha, composta de camponeses e ativistas bolcheviques. Assim, em 6 de novembro, a Guarda tomou Petrogrado, enquanto o Palácio de Inverno era bombardeado. Kerensky, que havia substituído Lvov, foi obrigado a fugir, deixando para trás o governo. No dia seguinte, constatava-se o sucesso do levante e Lênin assumiu o poder, com Trotsky e Stálin ao seu lado, fundando o primeiro país socialista da história.
Imediatamente, foram tomadas medidas para consolidar a revolução: aboliu-se a propriedade privada dos meios de produção, terras foram cedidas aos camponeses, as indústrias passaram para o controle operário e firmou-se a paz com os países em guerra com a Rússia. O sucesso da revolução só não pôde ser mais evidente e espetacular por causa da hostilidade das potências capitalistas estrangeiras, que viram com pavor o novo governo.
Financiados por essas potências, grupos contra-revolucionários tentaram reverter o quadro, mas não foram bem-sucedidos, em grande parte por causa do massivo apoio popular ao levante. Com o fracasso da ação, o ocidente excluiu a agora União Soviética do mundo e passou a propagandear contra o regime que lá instaurara-se.
De qualquer forma, apesar das dificuldades que se instalaram, Lênin conduziu habilmente o país durante os momentos mais difíceis, até sua morte, em 1924. Para seu lugar, veio Stálin, que assumiu poderes ditatoriais e desvirtuou alguns princípios da revolução. Seu sucesso e relevância histórica, porém, já não podiam mais ser comprometidos.