Separação política entre Brasil e Portugal, a Independência do Brasil foi proclamada por D. Pedro I em 7 de setembro de 1822. A Independência do Brasil decorreu, no entanto, de um longo processo de decadência do sistema colonial, marcado pelos crescentes movimentos conspiratórios sintomáticos no Brasil, como a Inconfidência Mineira, a Revolução Pernambucana a Revolta dos Alfaiates, todas elas marcadas como manifestações de idéias liberais. A decadência do sistema colonial ocorria em nível mundial, como observava-se na proclamação da Independência dos Estados Unidos. Por outro lado, os regimes absolutistas também entravam em crise: a Revolução Francesa marcou definitivamente o início da tendência à extinção das velhas monarquias absolutas. As idéias liberais avançavam no campo político mundial.
No Brasil, a Independência tratou-se no entanto de uma ocorrência ímpar na América: não houve processo revolucionário, mas sim a Independência brasileira foi proclamada pelo regente D. Pedro I. Na verdade, o processo de separação política entre o Brasil e Portugal havia sido iniciado a partir da chegada da corte portuguesa ao Brasil. Neste período da transferência da corte, foi permitido o surgimento das manufaturas brasileiras, viabilizando o desenvolvimento econômico em solo brasileiro e portanto implementando uma maior autonomia do país em relação ao exterior.
Após a Revolução do Porto de 1820, o Parlamento lusitano exige o regresso de D. João VI a Portugal. D. João regressa, mas deixa no Brasil seu filho, D. Pedro, como regente. Portugal manifesta intenções de retomada do domínio colonial no Brasil, entrando em contradição com a predominância das idéias liberais no país luso após a Revolução do Porto.
D. Pedro não alcançava grande popularidade entre os brasileiros: mas não tardaram a surgir manifestações de descontentamento do brasileiros aos primeiros sinais de tentativa de recolonização por parte de Portugal, com a transferência de importantes setores da administração para Portugal. Percebeu-se a partir daí a importância da permanência de D. Pedro no Brasil: Portugal exigia a presença do regente na Europa. Sua ida a Portugal marcaria uma grande ruptura entre o Brasil e Portugal, ocasionando um retrocesso na autonomia brasileira. Assim, após amplas manifestações de apoio à permanência do regente, D. Pedro anuncia sua decisão, marcando a data histórica do "Dia do Fico", em 9 de janeiro de 1822. Na tentativa de obrigar a ida de D. Pedro a Portugal, o general Avilês, comandante estabelecido no Rio de Janeiro, foi frustrado em suas articulações e posteriormente foi obrigado a retirar-se do Brasil. Decretou-se mais tarde a proibição do desembarque de tropas portuguesas no Brasil.
Ao passo que as idéias liberais avançavam no Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, o conselheiro de D. Pedro, renegava mudanças políticas e sociais, defendendo a continuidade do regime monárquico no Brasil.
Em vistas da promulgação da Constituição portuguesa, D. Pedro a renega e convoca a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Portugal ameaça com um possível envio de tropas ao Brasil. Em São Paulo, D. Pedro recebe mensagens acerca das medidas portuguesas, que o relegariam a um plano de delegado da corte portuguesa no Brasil. Ameaçado pelas cortes lusas, contando com a fidelidade política por parte dos brasileiros, D. Pedro reage proclamando finalmente a independência brasileira, em 7 de setembro de 1822.
Cronologia da Independência
1808
- Vinda da Corte Portuguesa ao Brasil;
- Decreto da abertura dos portos brasileiros "às nações amigas";
- Permissão de D. João VI à criação de manufaturas brasileiras.
1815
- Elevação do Brasil à categoria de Reino Unido.
1817
- Revolução Pernambucana
1820
- Revolução triunfante no Porto.
- Convocação das Cortes Lusitanas.
1821
Janeiro
- Revolta constitucionalista na Bahia.
Fevereiro
- Decreto anuncia a partida de D. Pedro a Portugal.
- D. João revoga o Decreto anterior.
Março
- Decreto do retorno de D. João VI a Portugal.
- Cortes lusas lançam as premissas da Constituição.
Abril
- Regulamentação do poder regencial de D. Pedro.
- Nomeação dos ministros de D. Pedro.
- Partida de D. João VI a Portugal.
Maio
- Eleições para deputados no Rio de Janeiro.
Junho
- Formação da Junta Governativa, idealizada por José Bonifácio.
Agosto
- Formação do Conselho Constitucional Governativo, no Recife.
Setembro
- Criação por autoridades lusas das Juntas
Provisórias de Governo independentes
do poder regencial no Brasil.
- Ordenação portuguesa de regresso de D. Pedro.
Novembro
- Levante chefiado por Gordilho de Barbuda
fracassa na Bahia.
Dezembro
- José Bonifácio defende a desobediência aos
decretos da Corte portuguesa.
1822
Janeiro
- D. Pedro decide permanecer no Brasil,
contrariando as exigências portuguesas
("Dia do Fico").
Fevereiro
- O General Avilês tenta obrigar D. Pedro a partir.
- Avilês é obrigado a embarcar.
Março
- Fragatas lusas vêm ao Brasil com as missões de
levar de volta as tropas de Avilês e D. Pedro.
- As fragatas rendem-se, muitos ficam no Brasil
a serviço de D. Pedro.
Abril
- A popularidade de D. Pedro cresce no país.
Maio
- D. Pedro recebe o título de Defensor Perpétuo
do Brasil.
Junho
- D. Pedro convoca a Assembléia Constituinte.
- Promulgação das normas para primeira
Assembléia Constituinte.
Julho
- Remodelação do ministério de D. Pedro.
Agosto
- D. Pedro declara a proibição de desembarque de
tropas portuguesas no Brasil.
- D. Pedro inicia-se como membro da maçonaria.
Setembro
- Em viagem de volta a Santos, passando por São Paulo,
D. Pedro recebe correspondência de José Bonifácio,
proclamando, logo após, a Independência do Brasil.
- Nomeação da nova Junta Governativa.
Outubro
- D. Pedro torna-se mestre da maçonaria.
- Aclamação de D. Pedro como Imperador
Constitucional.
Novembro
- Combate de Pirajá, em que tropas fiéis
a Portugal são derrotadas.
Dezembro
- Coroação do Imperador.
1823
Janeiro
- Tentativa de desembarque de tropas portuguesas
é repelida em Itaparica.
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