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Espiritismo Literatura e Leitura 09/01/2005 (00094)
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Quem Tem Medo da Verdade?
Albino A. C. de Novaes




"... Lembrai-vos de que, se é absurdo repelir sistematicamente todos os denômenos de Além Túmulo, também não é prudente aceitá-los de olhos fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceites nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado, severo" - O Livro dos Médiuns).

Kardec submetia à apreciação dos mais entendidos todas as mensagens que recebia. Nada fêz publicar sem o aval dos Espiritos Superiores e dos homens dotados de ciência e lógica. Tudo discutiu sem qualquer preconceito, com total isenção de ânimo. Kardec considerava Erasto um Espírito "muito esclarecido do ponto-de-vista teórico" e de fato, todas as intervenções que tivemos desse Espírito foram sábias e irrefutáveis. Escapam aos mais argutos críticos que, ou fazem silêncio diante de suas ponderações, ou tecem as mais elogiosas considerações. Kardec se referia a qualquer espírito que produzia o fenômeno como sendo "o artesão" e à Erasto como sendo "o sábio".

Em todas as comunicações de Erasto a tônica era uma só: "abrir os olhos dos espíritas sérios contra as farsas, as mentiras, as mistificações ou aos enganos cometidos pelos espíritos em suas comunicações. Erasto chama a atençao dos dirigentes de grupos espíritas para que sejam dotados de tato apurado e rara sagacidade, para poderem discernir as comunicações autênticas, e ao mesmo tempo não ferirem os que se deixam iludir. No Livro dos Médiuns encontramos algumas das recomendações mais importantes e que têm sido ignoradas pela maioria dos Espíritas: "Na dúvida, abstém-te, diz um sábio provérbio antigo. NÃO ADMITAIS, POIS, O QUE NÃO FOR PARA VÓS DE EVIDÊNCIA NEGÁVEL. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a sempre pelo crivo da razão e da lógica. O que o bom senso e a razão reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira. Tais recomendações jamais foram aplicadas ao "Espiritismo Brasileiro." Por este motivo quando colocamos algum pensamento, alguma mensagem ou alguma opinião em discussão, isso causa impacto e contrariedade, pois fere frontalmente o CONHECIMENTO SUBJETIVO que cada um possui e que a ignorância o leva a querer impor.O Espiritismo não é uma doutrina que se resume à simples crença, foi codificada com características científicas e, por certo, não se satisfaz com o conhecimento sensível de cada um: seu conhecimento precisa ser construído sem dispensar a metodologia e a engenharia como caminhos.

Allan Kardec advertiu que simplesmente publicar, apresentar como expressão da verdade e garantir autenticidade das assinaturas dadas pelos espíritos às mensagens que transmitem, que o bom sendo não pode admitir, está o grande incoveniente. É o que tem se verificado sistematicamente no Brasil. O insigne mestre codificador do Espiritismo é incisivo quando afirma: "No interesse da doutrina convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhantes casos e pôr de lado, com cuidado, tudo quanto pode, por uma causa qualquer, produzir uma ruim impressão (...) O Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a doutrina não seja comprometuda, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra eles. EIS PORQUE, REPITO, É NECESSÁRIO QUE SAIBAMOS DISTINGUIR AQUILO QUE A DOUTRINA ESPÍRITA ACEITA DAQUILO QUE ELA REPUDIA.

Não deve causar nenhuma contrariedade a nenhum simpatizante do Espiritismo quando apresentamos a opinião das pessoas envolvidas com o movimento espírita, como Carlos Imbassahy, ou o quando apresentamos nossas considerações sobre os padres jesuitas. Certamente que não concordo com tudo que o Carlos escreve ou diz mas, não examinar, não passar pelo crivo dos leitores, é contraditório com as determinações que nortearam a Codificação Espírita e queremos vê-las novamente aplicadas. Não existem intocáveis ou nada que não possa ser questionado; caso contrário o Espiritismo seria mais um dessas milhares de doutrinas dogmáticas a distribuir ilusões. Tudo que escrevi sobre os jesuitas pode ser confirmado pelos historiadores, por documentos à disposição nos museus, nas bibliotecas públicas ... Se os fatos históricos demonstram que Manuel da Nóbrega foi escravagista e responsável pela mortandade de indios culminando com a dizimação de pelo menos cinco nações indiginas, por considerar os indios uma sub-raça, causam surpresa ... dizemos então, parafraseando Kardec: é preciso encarar a verdade face a face em qualquer época da humanidade.

Fraternalmente
Albino A. C. de Novaes

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