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Espiritismo Literatura e Leitura 27/11/2004(00018)
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II A Vida E A Morte

68. Qual é a causa da morte, nos seres orgânicos?
-- A exaustão dos órgãos.

68-a. Pode-se comparar a morte à cessação do movimento numa máquina desarranjada?
-- Sim, pois se a máquina estiver mal montada, a sua mola se quebra: se o corpo estiver doente, a vida se esvai.

69. Por que uma lesão do coração, mais que a dos outros órgãos, causa a morte?
-- O coração é uma máquina de vida. Mas não é ele o único órgão em que uma lesão causa a morte; ele não é mais do que uma das engrenagens essenciais.

70. Em que se transformam a matéria e o princípio vital dos seres orgânicos, após a morte?
-- A matéria inerte se decompõe e vai formar novos seres o princípio vital retorna a massa.



Após a morte do ser orgânico, os elementos que o formaram passam por novas combinações, constituindo novos seres, que haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, absorvendo-o e assimilando-o, para novamente o devolverem a essa fonte, logo que deixarem de existir.

Os órgãos estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital. Esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que lhes permite comunicarem-se entre si, no caso de certas lesões, e restabelecerem funções momentaneamente suspensas. Mas quando os elementos essenciais do funcionamento dos órgãos foram destruídos, ou profundamente alterados, o fluido vital não pode transmitir-lhes o movimento da vida, e o ser morre.

Os órgãos reagem mais ou menos necessariamente uns sobre os outros é da harmonia do seu conjunto que resulta essa reciprocidade de ação. Quando uma causa qualquer destrói esta harmonia, suas funções cessam, como o movimento de um mecanismo cujas engrenagens essenciais se desarranjaram; como um relógio gasto pelo uso ou desmontado por um acidente, que a força motriz não pode pôr em movimento.

Temos uma imagem mais exata da vida e da morte num aparelho elétrico. Esse aparelho recebe a eletricidade e a conserva em estado potencial, como todos os corpos da Natureza. Os fenômenos elétricos, porém, não se manifestam enquanto o fluido não fôr posto em movimento por uma causa especial, e só então se poderá dizer que o aparelho está vivo. Cessando a causa da atividade, o fenômeno cessa: o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos seriam, assim, como pilhas ou aparelhos elétricos nos quais a atividade do fluido produz o fenômeno da vida: a cessação dessa atividade ocasiona a morte.

A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos os seres orgânicos: varia segundo as espécies e não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados de fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. É por isso que uns são mais ativos, mais enérgicos, e de certa maneira, de vida superabundante.

A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se incapaz de entreter a vida, se não for renovada pela absorção e assimilação de substâncias que o contêm.

O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade pode dá-lo ao que tem menos, e em certos casos fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se.


III Inteligência E Instinto

71. A inteligência é um atributo do princípio vital?
-- Não: pois as plantas vivem e não pensam, não tendo mais do que vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, pois um corpo pode viver sem inteligência, mas a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais: somente a união com o espírito dá inteligência a matéria animalizada.



A inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos, aos quais dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de prover as suas necessidades.

Podemos fazer a seguinte distinção: 1º) os seres inanimados, formados somente de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2º) os seres animados não pensantes, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência; 3º) os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade, e tendo ainda um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar.

2. Qual é a fonte da inteligência?
-- Já o dissemos a inteligência universal.

72-a. Poder-se-ia dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
-- Isto não é mais que uma comparação mas não exata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. De resto, bem o sabeis, há coisas que não é dado ao homem penetrar, e esta, por enquanto, é uma delas.

73. O instinto é independente da inteligência?
-- Precisamente, não, porque é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não racional: é por ele que todos os seres provêm as suas necessidades.

74. Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou seja, precisar onde acaba um e onde começa a outra?
-- Não, porque eles freqüentemente se confundem: mas podemos muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto dos que pertencem a inteligência.

75. É acertado dizer que as faculdades instintivas diminuem, a medida que crescem as intelectuais?
-- Não. O instinto existe sempre, mas o homem o negligencia. O instinto pode também conduzir ao bem: ele nos guia quase sempre, e às vezes mais seguramente que a razão: ele nunca se engana.

75-a. Por que a razão não é sempre um guia infalível?
-- Ela seria infalível se não estivesse falseada pela má educação, pelo orgulho e o egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite ao homem escolher, dando-lhe o livre arbítrio.



O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita por serem quase sempre espontâneas as suas manifestações, enquanto as daquele são o resultado de apreciações e uma deliberação.

O instinto varia em suas manifestações segundo as espécies e suas necessidades. Nos seres dotados de consciência e de percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, o que quer dizer, à vontade e à liberdade.

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