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João Escoto Erígena (Cerca de 810-877)

Filósofo e teólogo medieval. Nasceu na Irlanda. Foi professor em Paris e integrou a corte do rei Carlos o Calvo. Escreveu diversas obras. Entre elas, as mais importantes são De divisione naturae, De praedestinatione e uma tradução do Corpus Aeropagyticum, de autoria do Pseudo-Dionísio Aeropagita.

Esta obra permite a incorporação de teses neoplatônicas ao corpo do pensamento cristão. João Escoto Erígena é o primeiro pensador desta época a tentar sistematizar a filosofia, de modo que a compreensão racional possa auxiliar à apreensão dos dogmas do cristianismo.

O pensamento de Escoto Erígena procede de modo a apoiar todas as suas afirmações em citações de autoridades, sejam eclesiásticas, como Santo Agostinho (354-430 d.C.), São Gregório Nazianzeno, sejam filosóficas, como Pitágoras, Platão, Boécio.

Para Erígena, a verdadeira filosofia é a verdadeira religião, já que ambas podem ser encaradas como considerações acerca do mesmo tema. Antes do pecado original, o homem possuía um conhecimento puro de Deus. A punição do pecado consistiu em um afastamento da divindade, sendo a Redenção pelo Cristo o marco de um processo de retorno, no qual a razão desempenha o papel de aliada da fé.

Ao completar-se este processo, ocorrerá a completa espiritualização do humano, resultando em uma comunhão com Deus, que deverá transcender tanto a apreensão de Deus pela fé quanto seu conhecimento através da razão.

Na perspectiva do ser, podem ser distintas quatro naturezas: a que cria e não é criada (Deus); a natureza que cria e é criada (o Logos, Filho de Deus, modelo ideal de toda a realidade); a natureza que é criada e não cria (todos os entes criados, a partir do Logos) e a natureza que não é criada nem cria (Deus, como finalidade de toda criatura).

Tal divisão, contudo, faz aparecer uma natureza única: Deus, compreendido, enquanto Criador, como princípio, meio e fim de toda criatura.

Segundo este pensador, a Criação é o ato pelo qual Deus pode ser e, assim, ser conhecido. Se Deus é Uno, Ele não pode conhecer a si próprio, uma vez que isso implicaria em uma existência dual -- Deus enquanto cognoscente e Deus enquanto conhecido. Através da Criação, Deus conhece a si próprio.

De modo que toda criatura é uma imagem de Deus, manifestação múltipla de Sua unidade.

O homem coloca-se como intermediador de dois planos, material e espiritual, uma vez que possui esta dupla constituição. Participar da matéria foi decorrência do pecado original. Contudo, é pelo mundo sensível, compreendido como manifestação simbólica de Deus, que é dado ao homem reaproximar-se do Criador.

Ao final do processo de aproximação redentora, o homem comungará com Deus, sendo cada vontade individual integrada na vontade divina. A esta elevação integradora, Escoto Erígena denomina deificação do homem.

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •