José Ortega y Gasset (1883-1955)
Filósofo espanhol. Nasceu em Madrid. Estudou filosofia na Universidade de sua cidade natal. Em 1905, aprimorou seus estudos nas universidades de Leipzig, Berlim e Marburgo, onde permaneceu até 1907. Em Marburgo, tornou-se discípulo de Hermann Cohen, filósofo de tendência neokantiana (ver Immanuel Kant (1724-1804)).
Regressando à Espanha, ocupou, em 1910, a cátedra de metafísica na Universidade de Madrid. Fundou, no ano de 1923, a Revista de Occidente. Em 1936, com a guerra civil espanhola, foi exilado. Passou pela França, Holanda e Portugal. Faleceu em Madrid. Dono de extensa produção literária, escrevia também em diversos periódicos.
Algumas de suas principais obras: Meditações do Quixote; O espectador; Espanha invertebrada; A desumanização da arte e idéias sobre a novela; Espírito da letra; Missão da Universidade; A rebelião das massas; Goethe desde dentro; Meditação da técnica; Idéias e crenças; Estudos sobre o amor; Esquema das crises; O homem e as gentes; Que é filosofia; Meditação do povo jovem.
Segundo Ortega, a realidade não é um somatório de entes que encontramos naturalmente no mundo. Antes, a realidade só pode configurar-se de uma maneira qualquer, porque é, em última instância, perspectiva. A perspectiva é o modo como o real, a cada vez, se organiza. O mundo do homem não se encontra já dado de uma maneira determinada, como o habitat animal.
O mundo habitado por cada um é uma realidade em permanente mutação, devido a seu caráter perspectivístico. Esta é a organização da realidade. O sujeito não “possui” a perspectiva, ela não é uma “propriedade” sua; antes, a diferença de perspectiva é que constitui o sujeito. Os homens ocupam as perspectivas que se apresentam a todo momento, operando, através delas, uma determinada filtragem da realidade.
O homem, antes de ser compreendido como razão ou como um ente biológico, é, por Ortega, determinado como uma vida. A esta pertence a razão, porém, como algo posto a serviço da primeira. Ortega denomina razão vital a razão entendida como isto que age na vida, a fim de promover sua perpetuação. O homem necessita da razão para viver, para criar, no mundo, condições que facilitem sua sobrevivência.
O pensamento é, assim, uma função da vida. A noção de vida, contudo, não se refere a um biologismo ou a um individualismo; segundo este filósofo, minha vida implica as vidas de todos os que me cercam. Uma das teses mais famosas de Ortega y Gasset se encontra, assim, expressa: Eu sou: eu e minha circunstância.
Sendo a vida, fundamentalmente, ao modo da perspectiva, ela faz aparecer, a cada vez, necessariamente, a imbricação entre homem e mundo.
No plano da razão, Ortega promove uma distinção, a seu ver, fundamental; é preciso considerar o homem como um ser dotado, a um só tempo, de idéias e crenças. As primeiras constituem a maneira própria como cada um realiza uma determinada interpretação do mundo; as segundas constituem as interpretações impensadas, que já sempre fazem parte de nosso modo de ser, sem que nos tenhamos dado conta.
As crenças se encontram arraigadas em cada indivíduo. Contudo, juntamente com elas, abre-se a possibilidade de dúvidas, como a irrupção de uma instabilidade em nosso sistema de crenças. Torna-se preciso, assim, apropriar-se de uma dúvida, trabalhando-a através do pensamento, a fim de que esta possa ser convertida em idéia.
A filosofia de Ortega y Gasset apresenta importância decisiva no desenvolvimento do pensamento filosófico da Espanha de nossos dias. Contudo, suas investigações não estão circunscritas, somente, a este país. Ortega é considerado um dos pensadores mais originais do século XX.
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José Ortega y Gasset (Espanha)
Filosofia de José Ortega y Gasset (Espanha)
Obra:
Jose Ortega Y Gasset - A rebelião das massas (441K) (pdf)