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Johann Gottlieb Fichte (1762-1814)

Filósofo moderno. Nasceu em Rammenau. Protegido por um nobre, estudou nas Universidades de Jena, Wittenberg e Leipzig; nesta última, formou-se em teologia. Desistindo de fazer os votos, perdeu sua proteção, sendo obrigado a trabalhar como preceptor, a fim de sustentar-se. O advento da Revolução Francesa causou profundo impacto em Fichte, indo ao encontro de seu pensamento acerca da liberdade humana.

Em 1794, passou a lecionar na Universidade de Jena. Cinco anos depois, a redação de um artigo acerca da identidade entre providência divina e ordem moral valeu-lhe a acusação de ateu. Fichte foi obrigado a deixar a cidade, mudando-se para Berlim. Sendo nomeado professor em Erlangen, em 1805, regressou após pouco tempo a Berlim.

No inverno de 1807/8, durante a ocupação napoleônica, Fichte pronunciou em praça pública seus Discursos à nação alemã, onde denuncia Napoleão como inimigo dos ideais de liberdades propagados pela Revolução Francesa. Posteriormente, ocupou os cargos de professor e reitor na Universidade de Berlim.

Algumas de suas principais obras: Contribuições para a retificação dos juízos públicos sobre a Revolução Francesa, Crítica de toda a revelação, Reivindicação pela liberdade de pensar, O fundamento de nossa crença em uma divina providência, Os princípios fundamentais da doutrina da ciência, Lições sobre a destinação do sábio, A doutrina da ciência.

O pensamento de Fichte possui como ponto de partida a filosofia de Kant (1724-1804). Sua intensão é compreendê-la desde dentro, interpretando-a e levando-a, simultaneamente, mais além, no intuito de resolver suas contradições internas.

A procura de Fichte incide sobre uma noção que ultrapasse as dualidades formadas pela filosofia kantiana (1724-1804), entre coisa-em-si e fenômeno, conteúdo e forma, bem como entre razão prática e razão pura.

Fichte postula, então, uma unidade prévia, que serve de fundamento a toda dicotomia: tal unidade é denominada Eu. É preciso esclarecer que não se trata de um idealismo subjetivista; o eu é, a um só tempo, sujeito e objeto.

Esta noção é considerada como pura atividade, a qual pode ser desmembrada em três etapas, oriundas dos procedimentos lógicos: o eu põe a si próprio como existente, noção que deriva do princípio de identidade; ao eu, opõe-se um não-eu, pensamento que parte da diferenciação entre juízos inclusivos e exclusivos; a oposição entre eu e não-eu ocorre no interior do próprio eu, uma vez que toda oposição somente se pode instaurar desde uma experiência comum.

O eu fichtiano é a estrutura transcendental na qual se encontra o fundamento de todo conhecimento e razão humanos. Do choque entre o eu e aquilo que o nega, aparece, para o eu, a noção de limite. Esta é, contudo, uma noção positiva, pois é aquilo que impulsiona o homem, em sua vida prática, para diante.

A liberdade somente pode ser alcançada a partir do limite, da resistência imposta ao eu; neste sentido, a liberdade constitui, para Fichte, o esforço constantemente renovado de auto-superação.

A filosofia de Fichte sintetizou de maneira brilhante o ideal romântico característico do século XIX, especialmente através de sua discussão acerca da liberdade humana.

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Johann Gottlieb Fichte (Alemanha)

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •