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Espiritismo Literatura e Leitura 14/12/2004(00046)
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Sexo e obsessão

O sexo é departamento importante no aparelho genésico, criado com a finalidade específica para a procriação. Quando compreendido nos objetivos para os quais foi elaborado, transforma-se em fonte geradora de felicidade. Quando aviltado por qualquer manifestação incorreta, faz-se cadeia retentora do ser na passagem sórdida à qual foi atirado.

Com características próprias, em cada fase do processo evolutivo, no ser humano alcança o seu estágio mais elevado, por vincular-se às emoções, lentamente superando as sensações primárias por onde passou no período inicial da forma animal. Responsável pelos grandes envolvimentos da Arte, na beleza, na fé, no conhecimento científico e filosófico, é de valores ainda não desvelados.

Em razão das reflexões iniciais dos impulsos mais animalizados, vem governando a sociedade humana através dos tempos, constituindo-se instrumento de crimes hediondos e guerras lancinantes, destrutivas, gerando conseqüências imprevisíveis para a sociedade de todas as épocas. Da mesma forma, produziu manifestações de sentimentos afetivos celebrados em Obras de incomparável beleza, em que a renúncia e a abnegação, o sacrifício e o holocausto se transformaram em opções únicas para dignificá-lo.

Profundamente arraigado na instrumentalidade material, encontram-se seus gêneses no ser profundo, no Espírito que, habituado às suas imposições, transfere de uma para outra existência aspirações e desejos que, não atendidos, se transformam em conflitos para o crescimento interior, e para a conquista da plenitude. Inegavelmente, na raiz de inumeráveis aspirações e anseios do coração, encontra-se a libido como desencadeadora de motivações, mesmo que de forma sub-reptícia, o que induziu a Freud a conceder-lhe valor excessivo. É incontestável a ação do sexo no comportamento da criatura humana, merecendo estudos cuidadosos e enobrecedores, a fim de ser avaliado no grau e significado que possui.

Os seus impulsos e predominância no comportamento são tão vigorosos que vão além do corpo físico e imprimem-se nos tecidos sutis do ser espiritual, continuando com as suas manifestações de variada ordem, exigindo respostas que, não sendo de superação e sublimação, geram caos emocional e reivinculam o ser ao carro orgânico, que já se consumiu. Mediante à ideoplastia, à fixação nas sensações, revigora a necessidade que se transforma em tormento no Além Túmulo, conduzindo de volta aos estágios perturbadores da organização somática. É nessa fase, nesse terrível transtorno, que surgem as auto-obsessões, as obsessões que são impostas às criaturas terrenas, que estagiam na mesma faixa de desejos ou entre os desencarnados do mesmo nível vibratório. Reunidos em grupos afins, as suas exteriorizações morbíficas eliminam as energias de baixa qualidade, que se converte em elemento construtor de regiões infelizes onde enxameiam em convulsões penosas e retém aqueles que lhe fazem vítimas, demorando-se por tempo indeterminado até à exaustão dos sentidos e o tédio os induzam a mudanças de atitudes, permitindo-se a ajuda do Amor, que os libertará da injunção exaustiva e penosa.

O amor é o mais vigoroso instrumento de incitação para os logros que parecem impossíveis de conquistados. Ele se manifesta através de mil faces, expressando-se em todas as aspirações de enternecimento, da comunhão afetiva, da fusão de sentimentos, que seriam o êxtase da plenitude do sexo no sentido mais elevado e puro.

Por enquanto, todavia, o sexo tem sido objeto de servidão e de abjeção, manifestando-se na loucura que grassa na Terra, carente de idéias de enobrecimento e repleta de desaires afligentes. Como mecanismo de fuga dos compromissos de luta e de renovação, milhões de criaturas estúrdias e ansiosas, atiram-se aos resvaladouros das paixões sexuais, procurando, no prazer imediato e relaxante, o que conseguem através dos esforços renovadores do amor sem jaça, do bem sem retribuição. Eis porque, a obsessão do sexo, decorrente do seu uso e sempre exigente de mais prazer, apresenta-se dominadora na sociedade terrestre dos nossos dias. Cada vez mais chocantes, as suas manifestações alargam-se arrastando jovens e crianças inadvertidos ao paul da depravação, face à naturalidade com que os veículos de comunicação de massa exibem-no em atitudes deploráveis e aterradoras a princípio, para se tornarem naturais depois, através da saturação e da exorbitância, tornando-se mais grave a situação das suas vítimas, e mais controvertidos os métodos de reeducação e preservação da saúde emocional, psíquica e moral da criatura humana que lhe tomba nas malhas bem delicadas, mas vigorosas.

Simultaneamente, as legiões dos Espíritos viciados e dependentes dos fluidos degenerativos das sensações perversas, sincronizam suas mentes nesses comportamentos doentios, passando a sofrer-lhes as injunções morbosas e devastadoras. A cada dia mais, difícil se torna a saúde sexual das pessoas, em razão desses fatos e de outros que procedem de reencarnações transatas, nas quais se comprometeram com os usos indevidos da função sexual, ou utilizaram-se do sexo para fins ignóbeis.

Essa atitude gera processos danosos que as afligem, e obrigam-nas a retornar ao proscênio terrestre em situações deploráveis, atormentadas ante a multiplicidade de conflitos de comportamento para logo tombarem nas viciações que ora predominam nos grupamentos sociais, fazendo-se vítimas de si mesmas, e de outros do mesmo tipo, que se lhes acoplam em processos complexos de obsessões perversas e devastadoras.

Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na forma de expressão genésica, possuindo ambas as polaridades em que o sexo se apresenta, necessitando, através da reencarnação, de experienciar uma como outra manifestação, a fim de desenvolver sentimentos que são compatíveis com os hormônios que produzem. Face a essa condição, assume uma ou outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e vivenciá-la com dignificação, evitando comprometimentos que exigem retornos dolorosos, ou alterações orgânicas, sem a perda dos conteúdos emocionais ou psicológicos. Isto equivale a dizer que, toda vez quando abusa de uma função, volta a vivenciá-la, a fim de recuperá-la, mediante processos limitadores, inibitórios ou castradores. Todavia, se insiste em perverter-se, atendendo mais aos impulsos do que à razão, dominado pelo instinto antes que pelo sentimento, retorna em outra polaridade que não o capacita para a sua manifestação conforme desejara, correndo o risco de canalização das energias de forma equivocada. Em assim acontecendo, o fenômeno se torna mais grave, produzindo danos perispirituais, que irão exteriorizar-se em transtornos profundos de personalidade e de aparelhagem genética.

Face aos processos evolutivos, muitos Espíritos transitam na condição de homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos que deverão investir melhores e mais amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual. Jamais, porém, se deve esquecer que o sexo, como qualquer outro órgão que constitui o corpo, foi elaborado para a vida, e não esta para aquele.

Respeito, dignidade e elevação, reflexionar em torno dos objetivos da vida, fazem parte do compromisso para com a existência, sem o que, são programados dores e conflitos muito graves durante o trânsito das reencarnações.
Assim considerando, o abuso da conduta sexual e o seu abastardamento, na busca atormentada de prazeres mórbidos, constitui grave desrespeito às Leis Soberanas, cujo resgate se torna difícil e de longo curso em províncias de sombra e de dores acerbas.

(...)

Ante a situação deplorável em que muitos estorcegam nas apertadas redes dos vícios sexuais e daqueles outros que os acompanham, tais como o alcoolismo, tabagismo, a toxicodependência, a banalização dos valores éticos e da vida, a Lei de Destruição, conforme assevera Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (questão 728 a 733), exercerá a sua função, destruindo para renovar, isto é, chamando ao sofrimento e aos desastres coletivos, às aflições chocantes, ás lutas ensandecidas, aos trágicos acontecimentos, para que, por fim, os Espíritos rebeldes despertem para a realidade, para o significado da existência terrena, para os objetivos que têm pela frente, utilizando-se do corpo, do sexo, mas não vivendo apenas e exclusivamente deles ou para eles.

A dor, a grande missionária silenciosa e dignificadora, lentamente trabalhará o ser humano, admoestando-o, esclarecendo-o e conduzindo-o à estrada reta. Nesse comenos, as suas funções genéticas serão criadas pela mente e pelos desejos elevados, a fim de que se tornem também co-criadores do belo, do útil, do nobre e do feliz. Até esse momento, passarão muitos séculos de dor e de prova, nos quais o ser humano, por opção livre, ainda preferirá as obsessões calamitosas e as paixões dissolventes à sintonia com a Divindade e à intuição libertadora do primarismo em que, por enquanto, caracteriza-o.

Desse modo, exortemos a proteção do Sublime Criador, a fim de que os nossos tormentos, que procedem da noite remota das manifestações primevas e dos desalinhos morais que nos permitimos, então sejam superados com amor e sublimados, abrindo espaços nobres para as vivências do sentimento aureolado de bênçãos.
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Transcrito do libro “Sexo e Obsessão” de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda

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