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João Goulart (1918-1976)

João Belchior Marques Goulart nasceu em São Borja (RS) em 1º de março de 1918. Presidente da República entre 1961 e 1964. Bacharelou-se em Direito na cidade de Porto Alegre em 1939.

Conhece Getúlio Vargas em 1945, quando este, após ser deposto, volta à sua fazenda. Em 1946 com o incentivo de Vargas, Jango, como ficou popularmente conhecido, entrou para o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), foi secretário do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul, tornou-se depois, em 1950 deputado federal.

Em 1953 tornou-se Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio após a volta de Vargas em 31 de janeiro de 1951, à qual Jango contribuiu ativamente. Destaca-se, na sua atuação frente ao ministério, o aumento de cem por cento do salário-mínimo, concedido pelo governo em maio de 1954. Reorganizou também os sindicatos com a finalidade de obter maior influência do governo sobre a classe operária. Foi demitido do cargo devido à pressão dos conservadores. Tenta eleger-se senador pelo Rio Grande do Sul, mas sem sucesso.

Em 1955 elege-se como vice-presidente na chapa de Juscelino Kubitschek. Nas eleições de 1960 novamente candidata-se como vice, desta vez na chapa do Marechal Henrique Teixeira Lott, mantendo-se a coligação entre o PTB e o PSD (Partido Social Democrático). Lott sofre uma grande derrota para Jânio Quadros, porém Goulart consegue eleger-se como vice.

Jânio renuncia em 25 de agosto de 1961; Jango encontrava-se em visita oficial à República Popular da China; assume o posto o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.

Os ministros militares colocam-se contra a volta de Goulart e pedem ao Congresso o seu impedimento por considerá-lo comprometido com as forças de esquerda.

Em defesa da legalidade e da posse do vice-presidente, coloca-se ao seu lado o governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, cunhado de Jango, bem como o comandante do III exército. Aumenta o clima de radicalização.

O Congresso Nacional em 2 de setembro de 1961 aprova a Emenda Constitucional nº 4, permitindo a João Goulart assumir o poder, mas sob um regime parlamentarista. Em 7 de setembro ele é empossado e escolhe Tancredo Neves como Primeiro-ministro. O período foi conturbado com várias tentativas de se organizar Gabinetes que se iam sucedendo.

Enquanto isso Jango articulava manobras para a volta do presidencialismo que lhe daria a plenitude de poderes. Enquanto isso vários setores da sociedade protestavam contra o sistema parlamentarista. Jango, por sua vez, declarava que sem a devolução de seus poderes como chefe de governo, as reformas estruturais necessárias ao país não seriam possíveis.

Em 6 de janeiro de 1963 realizou-se o plebiscito no qual a população brasileira colocou-se maciçamente favorável ao presidencialismo. No dia 23, Goulart obtém a plenitude do poder presidencial.

Jango começou então a lutar para implementar as "Reformas de Base" que se caracterizavam por seu aspecto populista, ou seja, com caráter nacional-reformista. Começou a concretizá-las através do Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social do Ministro do Planejamento Celso Furtado (1963), que incluía a reforma agrária, nacionalização de algumas empresas estrangeiras, etc.

Uma grave crise política ia se agravando rapidamente, inúmeras manifestações populares e greves irrompiam pelo país. Em 1963 Goulart cogitava decretar uma moratória da dívida externa.

Em 13 de março de 1964, em um comício para trezentas mil pessoas na Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil (RJ), convocou o povo a desencadear uma mobilização de massas para pressionar o Congresso a aprovar as Reformas de Base, acirrando ainda mais os ânimos, e gerando descontentamentos na alta burguesia. Esta organizou uma manifestação popular contra o governo, acusando-lhe de querer implantar um conjunto de reformas de cunho comunista: era a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, formada por senhoras da alta-sociedade e elementos conservadores da Igreja.

A indisciplina dentro das Forças Armadas também inquietava os militares. No dia 12 de setembro de 1963 houve um levante de sargentos da Marinha e Aeronáutica em Brasília. Entre 20 e 25 de março ocorre uma espécie de rebelião de marinheiros que se concentraram no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro. O governo colocou-se a favor dos marinheiros, o que repercutiu desfavoravelmente nas Forças Armadas.

Em 30 de março de 1964 Jango discursou no Automóvel Clube do Rio de Janeiro, onde sargentos da polícia militar ofereceram-lhe um banquete, e lá respondeu às críticas dos oficiais.

Em 31 de março eclodiu em Minas Gerais o movimento militar que deporia João Goulart. Fora comandado pelo General Olímpio Mourão Filho e apoiado pelo Governador mineiro Magalhães Pinto.

Em 1º de abril Jango abandonou Brasília e rumou para Porto Alegre e depois para o Uruguai, onde se exilou em sua fazenda.

Em 2 de abril o Congresso Nacional declarou vaga a Presidência da República, ocupando-a, provisoriamente, Ranieri Mazzilli. Uma semana depois do Golpe decreta-se o Ato Institucional nº 1, conferindo ao Congresso o poder de eleger o novo presidente da República. Elegeu-se então o chefe do Estado-Maior do exército, general Humberto de Alencar Castello Branco, que tomou posse em 15 de abril de 1964.

Jango morre em Mercedes, província de Corrientes (Argentina) em 6 de dezembro de 1976.



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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 •(Literatura e Leitura)•