Maurice Merleau-Ponty (1908-1960)
Filósofo francês, considerado um dos maiores representantes do existencialismo neste país. Nasceu em rochefort-sur-Mer. Entre 1926 e 1930, estudou filosofia na Escola Normal Superior. Lecionou nos Liceus de Beauvais e Chartres (Leia sobre Bernardo de Chartres (? - cerca de 1130)).
Durante a Segunda Guerra, Merleau-Ponty atuou como oficial de infantaria. Com a ocupação alemã da França, passou a atuar para a resistência francesa. Com o final da guerra, obteve o título de doutor em filosofia, sendo nomeado mestre de conferências na Universidade de Lyon, tornando-se professor nesta instituição três anos depois.
Ainda neste ano, assumiu, juntamente com Sartre (1905-1980), a direção da revista Tempos Modernos. Em 1949, tornou-se catedrático na Sorbonne. Em 1952, recebeu a cátedra de filosofia do Collège de France. Faleceu subitamente, vítima de embolia. Algumas de suas principais obras: A estrutura do comportamento; Fenomenologia da percepção; Humanismo e terror; Sentido e não sentido; Elogio da filosofia; As aventuras da dialética; Sinais; O olho e o espírito; O visível e o invisível; A prosa do mundo.
O pensamento de Merleau-Ponty se encontra marcadamente influenciado pela fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938). Deste modo, seu propósito último é abolir as antinomias criadas pela filosofia moderna, entre sujeito e objeto, interior e exterior, homem e mundo, natureza e história.
Esta maneira dualista de proceder frente à realidade somente poderá ser superada uma vez que se encontre a unidade originária, a partir da qual estas separações se constroem. Tal unidade é pensada por Merleau-Ponty a princípio como consciência perceptiva e, posteriormente, como radicalização desta noção, como corpo.
O corpo possui a característica de ser, a um só tempo, sensível e senciente, vidente e visível; desta forma, ele é o lugar de realização da unidade pré-reflexiva eu-mundo. Supera-se, através da concepção de corpo, a distância entre estas duas noções, uma vez que elas se compenetram no corpo; ele sabe, de maneira atemática, tocar, uma vez que é no modo de ser de uma coisa tocável.
O corpo vê porque é, ele próprio, visível. Os outros objetos e pessoas não são exteriores ao corpo; a carne afirmada por Merleau-Ponty como um tecido conjuntivo que envolve tudo, configurando os outros e as demais coisas como extensões, prolongamentos de meu corpo, todos irmanados uma vez que compostos de uma e mesma carne.
Merleau-Ponty investiga também, a partir da noção de corpo, sua relação original com o sentido. O corpo é doador de sentido; nele, a matéria é, sempre e necessariamente, transcendente, ela aponta um mais além que jamais podemos esgotar. O sentido é infinito e, segundo este autor, estamos condenados ao sentido.
Este, contudo, é analisado desde seu modo de ser primeiro, bruto, carnal. O sentido merleau-pontyano não é da ordem do racional, sendo a linguagem sua modalidade paradigmática de manifestação. O sentido pertence ao corpo como seu duplo, sua dobra incorporal e transcendente.As palavras são modulações do sentido presente em todo âmbito da existência humana.
Como tal, a linguagem nào pode ser concebida como algo que se utiliza; ela deve ser habitada, encarnada por todos aqueles que falam, de modo a instalar-se nela e, assim, exercê-la.
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Maurice Merleau-Ponty (França)