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Mário de Andrade (1893 - 1945)

Mário de Andrade foi, sem dúvida, um dos grandes expoentes da vanguarda renovadora que modificou o quadro da literatura no Brasil, sendo um dos líderes da revolução literária e artística deflagrada pela Semana da Arte Moderna em 1922. Mário de Andrade nasceu em 1893, em São Paulo, mesma cidade em que veio a falecer em 1945. Foi formado em música pelo Conservatório Dramático e Musical, onde mais tarde se tornou professor de História da Música.

Tal bagagem, anos mais tarde, o faria tomar de empréstimo para a literatura alguns termos musicais para a idealização de conceitos como verso melódico, verso harmônico e polifonia poética. Mário de Andrade chegou até classificá-la como rapsódia (mistura de diversos temas) uma de suas obras mais importantes, Macunaíma. O escritor modernista, ao longo de sua vida, transitou por entre diversos projetos culturais, tendo sido o primeiro diretos do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, na época em que fundou a Sociedade Etnográfica de Folclore.

Foi também o responsável pelo anteprojeto do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além da fundação da Discoteca Pública, em São Paulo. Uma característica marcante na personalidade de Mário de Andrade, o inconformismo, talvez tenha constituído a mola mestra para o ânimo na mobilização de artistas e intelectuais que fizeram parte da Semana da Arte Moderna. Após primeira publicação de seus poemas, no livro Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, de características ainda parnasianas, o escritor tomou contato com as inovações estéticas desencadeadas pelas vanguardas européias e, a partir daí, passou a propor uma reavaliação dos conceitos então vigentes na literatura.

Isto se dá na sua primeira obra modernista, Paulicéia Desvairada, escrita em 1920, onde Mário de Andrade lança novos conceitos estéticos. Após as teorias de Freud, a poesia jamais seria a mesma, pois o poeta Mário de Andrade acreditava no subconsciente como força expressiva e fonte de lirismo liberto da válvula inibidora da razão. Segundo estas idéias, Mário de Andrade afirmava que seus versos emergiam diretamente da camada subconsciente, sendo depois julgados à luz da razão para correções e justificativas.

Tais idéias foram levadas ao cabo na grande manifestação artística da Semana de 22, que pregou a abolição de padrões estéticos fossilizados. Essa libertação das idéias artísticas obsoletas, na poesia de Mário de Andrade, deu-se através de várias inovações formais como o verso e a rima livres, a polifonia poética e o verso harmônico. O movimento de libertação estética na primeira fase do modernismo foi realizado através do experimentalismo estético, uma atitude que enfrentou a incompreensão geral e até o repúdio do público na época.

Aliás, a atitude rebelde caracterizou essa primeira fase do modernismo, que reclamava o seu espaço no cenário artístico brasileiro. Um dos pontos de mais alto vôo na obra de Mário de Andrade dá-se, sem dúvida, na publicação de Macunaíma. Segundo a própria definição do escritor, a obra trata-se de uma rapsódia, ou seja, uma mistura de temas. O personagem principal tem como característica fundamental justamente a ausência de um caráter. O personagem Macunaíma sempre é acompanhado por epítetos como "o herói sem nenhum caráter" e, ao mesmo tempo, "herói de nossa gente".

Nesta obra, Mário de Andrade sintetiza uma visão geral do Brasil, tentativa já realizada pelos romances regionalistas de José de Alencar, no romantismo brasileiro. Mas, desta vez, o Brasil é visto com o olhar desgeograficalizante, onde todas as culturas se misturam e se interpenetram; o personagem parece assimilar e sintetizar desde a cultura indígena até as impregnações urbanas de São Paulo e suas tradições ainda europeizadas.

Esta obra sintetiza as idéias modernistas no sentido de uma formação de uma cultura e do saber brasileiros. Mário de Andrade, deixando além de sua obra de criação um legado crítico, como seus ensaios e estudos didáticos, foi sem dúvida o grande renovador dos conceitos de literatura e estética de caráter originalmente nacional. Obra: Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema, 1917; Paulicéia Desvairada, 1922; A Escrava que não é Isaura, 1925; Primeiro Andar, 1926; Losango Cáqui, ou Afetos Militares com os Porquês de eu Saber Alemão, 1926; Amar, Verbo Intransitivo, 1927; Clã do Jabuti, 1927; Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, 1928; Compêndio da História da Música ,1929; Remate de Males, 1930; Modinhas Imperiais, 1930; Música, Doce Música, 1933, Belasarte, 1934, O Aleijadinho e Álvares de Azevedo, 1935; "Cultura Musical", Separata da Revista do Arquivo, vol. XXVI, 1935; A Música e a Canção Populares no Brasil, 1936; "O Samba Rural Paulista", Separata da Revista do Arquivo, vol. XCI, 1937; "Os Compositores e a Língua Nacional", Separata dos Anais do Primeiro Congresso de Língua Nacional Cantada, 1938; "A Pronúncia Cantada e o Problema Brasileiro Através de Discos", ibidem; Namoros com a Medicina (ensaios), 1939; A Expressão Musical nos Estados Unidos, 1940; Música do Brasil, História e Folclore, 1941; Poesias, 1941; "A Nau Catarineta" (ensaios), Separata da Revista do Arquivo, 1943; Pequena História da Música, 1942; O Movimento Modernista, 1942; O Baile das Quatro Artes (ensaios), 1943; Aspectos da Literatura Brasileira, 1943; Os Filhos da Candinha (crônicas), 1943; O Empalhador de Passarinhos, s. d. ; Padre Jesuíno do Monte Camelo, 1945; Lira Paulistana, seguida de O Carro da Miséria, 1946; Contos Novos, 1947; Poesias Completas, 1955; Cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, 1958; Danças Dramáticas do Brasil, 3 vols. , 1959; Música e Feitiçaria no Brasil, 1963; 71 Cartas de Mário de Andrade, s. d. ; Mário de Andrade Escreve Cartas a Alceu, Meyer e Outros, 1968.

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A Semana de Arte Moderna e Modernismo

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Mário de Andrade (Escritor brasileiro)(wiki)
Mário de Andrade

Mário de Andrade (Brasil)



Obra:

Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, poesia (1917) Veja a importância deste para o Modernismo no Brasil
Paulicéia Desvairada, poesia (1922)
A Escrava que não é Isaura, poética, discurso sobre algumas tendências da poesia modernista (1925)#4,p23/24
Primeiro Andar, contos (1926)
Losango Cáqui, ou Afetos Militares de Mistura com os Porquês de eu Saber Alemão, lirismo (1926)
Amar, Verbo Intransitivo - Resumo
Amar Verbo Intransitivo, idílio (romance) (1927) - Resumo da obra
Amar, Verbo Intransitivo - Mário de Andrade (Resumo)
Amar Verbo Intransitivo (resumo) (Mário de Andrade)
Amar Verbo Intransitivo Ler Resumo
Clã do Jabuti, poesia (1927)
Macunaíma - Resumo
Macunaíma: O Herói sem Nenhum Caráter, rapsódia (1928) - Resumo da obra
Macunaíma - Mário de Andrade (Resumo)
Macunaíma (resumo) (Mário de Andrade)
Macunaíma (versão 1) Ler Resumo
Macunaíma (versão 2) Ler Resumo
Compêndio de História da Música (1929)
Remate de Males, poesia (1930)
Modinhas Imperiais, (1930)
Música, Doce Música (1933)
Belasarte, contos (1934)
O Aleijadinho e Álvares de Azevedo, ensaio (1935)
Poesias, (1941)
O Movimento Modernista, (1942)
O Baile das Quatro Artes, ensaio (1943)
Aspectos da Literatura Brasileira, (1943)
Os Filhos da Candinha, crônica (1943)
O Empalhador de Passarinho, s.d.
Padre Jesuíno do Monte Carmelo, (1945)
Lira Paulistana, Seguida do Carro da Miséria, (1946)
Contos Novos - Resumo
Contos Novos, (1947) - Resumo da obra
Contos Novos - Mário de Andrade (Resumo)
Poesias Completas, (1955)
Aspectos da Música Brasileira
Aspectos das Artes Plásticas no Brasil
A Enciclopédia Brasileira
As melodias do boi e outras peças
Balança, Trombeta e Battleship
Danças Dramáticas do Brasil
Dicionário Musical Brasileiro
O Banquete
Os Cocos
Introdução a estética musical
Música de Feitiçaria no Brasil
Música e Jornalismo
Namoros Com a Medicina
Obra Imatura
O Poço e Outras Histórias
Pequena história da música
Quatro Pessoas
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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •