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Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987)

Após o grande impacto deflagrado pela Semana de Arte Moderna, Carlos Drummond de Andrade foi o primeiro poeta que se afirmou após as experiências modernistas então incipientes. Seu poema "No Meio do Caminho" causou escândalo na época de sua publicação, dada a incompreensão geral da sua inovação formal e lingüística com o uso da linguagem mais prosaica, ainda que tematizando o conflito do homem moderno.

Nascido em Itabira, Minas Gerais, em 1902, Drummond passa a infância na fazenda da família, "sozinho, entre mangueiras", como dissera, mais tarde, em seu poema Infância, publicado em Alguma Poesia. Seus estudos de humanidades foram feitos em Friburgo e Belo Horizonte. Na capital mineira, passou a trabalhar como redator de um órgão oficial do governo do Estado, além de trabalhar como redator no "Diário de Minas", um veículo de imprensa de feições conservadoras.

Quando estabelecido no cargo de redator-chefe do Diário, Drummond foi o responsável pela abertura do jornal à publicação de textos modernistas. Após haver completado o curso de Farmácia, atividade profissional que nunca chegou a exercer, Drummond é convidado pelo amigo Augusto Capanema, então Ministro da Educação, para a chefia de gabinete, em 1930. Mais tarde, em 1945, Drummond tornou-se chefe do Serviço do Patrimônio Histórico.

Drummond teve sua aposentadoria pelo governo em 1962. Desde 1954, o poeta mineiro escrevia crônicas para o Correio da Manhã. Tal atividade se estendeu até 1969, quando passou a escrever para o Jornal do Brasil. Dedicou-se, durante sessenta e quatro anos, à atividade jornalística, até seus oitenta e dois anos de idade.

Em 1987, com o falecimento de sua filha Maria Julieta, Drummond vem a falecer a 17 de agosto, deixando obras inéditas como O Avesso das Coisas, O Amor Natural e Moça Deitada na Grama. A obra de Carlos Drummond de Andrade tange os dois extremos da problemática do homem no mundo moderno, desde os conflitos individuais do ser até sua inserção conflituosa na sociedade.

Um dos grandes exemplos da postura do poeta em relação à coletividade é o poema A Rosa do Povo, que revela o sentimento de pessimismo em relação ao mundo e sua realidade, tais como eles se apresentam. Esse sentimento pessimista atravessa toda a sua obra poética. A postura pessimista em A Rosa do Povo resolve-se no espírito de uma possibilidade (ainda que tortuosa) de libertação do homem, através do símbolo da rosa.

Esta é outra característica marcante da poesia de Drummond: muitos de seus poemas partem de imagens do cotidiano, sendo elevadas ao nível de uma força simbolizadora. Já o poeta como ser individual revela a mesma atitude pessimista, resolvida num humour da obra drummoniana, onde a problemática do ser é vista por muitas com olhos irônicos.

Portanto, duas características são constantes em Drummond: o poeta público, como foi chamado por vezes, e o poeta gauche. Drummond foi um dos poetas modernos que mais se utilizou de diversos recursos poéticos na estruturação da camada significativa do poema. Essa utilização normalmente encerra, no poema drummoniano, as chaves para os significados mais profundos de sua poesia.

Além da atividade poética, Drummond dedicou-se também aos contos. Sua obra em prosa revela parte da "matéria-prima" de sua poesia, pela linguagem mais prosaica que muitas vezes é incorporada em seus poemas. E, ao mesmo tempo, nos contos drummonianos, pode ser verificada a origem dos estímulos poéticos por trás das imagens e cenas mais cotidianas.

Pode-se dizer que o Drummond contista utiliza-se do sentir do Drummond poeta, enquanto este toma do outro o olhar para a observação da realidade ao seu redor. De um modo geral, a obra de Carlos Drummond de Andrade reflete a grande importância do poeta, que sintetizou em suas diversas fases poéticas a postura do homem frente ao mundo moderno que se lhe apresenta, gerando a cosmovisão de um sentimento do mundo.

Ver Poetas do Modernismo no Brasil - 2ª Fase (1930-1945)
Veja outros autores por data de estréia no Modernismo no Brasil
Veja outros cronistas importantes (Pós-Modernismo brasileiro)

Carlos Drummond de Andrade - Biografia
Biografia do Imortal em outro site
Sobre Carlos Drummond de Andrade em outro site

Carlos Drummond de Andrade (Poeta do Brasil) (wiki)
Carlos Drummond de Andrade

Obra: Alguma Poesia, 1930; Brejo da Almas, 1934; Sentimento do Mundo, 1940; Poesias, 1942; Confissões de Minas, 1944; O Gerente, 1945; A Rosa do Povo, 1945; Poesia até Agora, 1948; Claro Enigma, 1951; Conto de Aprendiz, 1951; Viola de Bolso, 1952; Passeios na Ilha, 1952; Fazendeiro do Ar e Poesia Até Agora, 1953; Viola de Bolso Novamente Encordoada, 1955; Fala, Amendoeira, 1957; Poemas, 1959; Lição das Coisas, 1962; A Bolsa e a Vida, 1962; Cadeira de Balanço, 1966; Versiprosa, 1967; Boitempo e A Falta de Quem Ama, 1968; Caminhos de João Brandão, 1970; Seleta em Prosa e Verso, 1971; O Poder Ultrajovem, 1972; As Impurezas do Branco, 1973; Amor, Amores, 1975; A Visita, Discurso de Primavera e Algumas Sombras e Os Dias Lindos, 1977; Esquecer Para Lembrar, 1979; A Paixão Medida, 1980; Contos Plausíveis, 1981 (Edição comercial em 1985); O Elefante (Infantil), 1983; Boca de Luar e Corpo, 1984; Amar se Aprende Amando, 1985; O Observador no Escritório, 1985; Tempo, Vida, Poesia, 1986; Moça Deitada na Grama, 1987; De Notícias e Não-notícias Faz-se a Crônica, O Avesso das Coisas, O Amor Natural.



Poesia:

Alguma Poeisa - Resumo
Alguma Poesia - (1930) - Resumo da obra
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade (Resumo)
Brejo das Almas , 1934
Sentimento do Mundo - Resumo
Sentimento do Mundo , 1940
Poesias , 1942
A Rosa do Povo , 1945
Poesia até Agora, 1948
Claro Enigma , 1951
Viola de Bolso , 1952
Fazendeiro do Ar & Poesia até Agora, 1953
Viola de Bolso Novamente Encordoada, 1955
Poemas, 1959
Lição de Coisas , 1962
José , 1967
Versiprosa , 1967
Boitempo & A Falta que Ama , 1968
Menino Antigo (Boitempo II), 1973
As Impurezas do Branco , 1973
Discurso da Primavera e Algumas Sombras , 1977
Corpo , 1984
Amar se Aprende Amando , 1985
Boitempo I e II , 1986
O Avesso das Coisas , 1987
A Moça Deitada na Cama , 1987


Prosa:


Confissões de Minas , 1944
O Gerente , 1945
Contos de Aprendiz , 1951
Passeios na Ilha , 1952
Fala, Amendoeira , 1957
A Bolsa e a Vida , 1962
Cadeira de Balanço , 1966
Caminhos de João Brandão , 1970
O Poder Ultrajovem e mais 79 textos em Prosa e Verso, 1972
De Notícias & não Notícias faz-se a Crônica , 1974
Os Dias Lindos , 1976
70 Historinhas, 1978
Farewell - (1996) - Resumo da obra Farewell - Carlos Drummond de Andrade (Resumo)
Antologia Poética - Carlos Drummond de Andrade (Resumo)
A Paixão Medida - Carlos Drummond de Andrade (Resumo)
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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •